terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A Sociedade do Kirisute Gomen

Certa vez, em meio a pensamentos sobre o que somos e o que podemos ser, fui levado para um tempo passado, porém intenso e extremamente presente nos dias atuais. Trata-se de uma lei samurai chamada “Kirisute Gomen”. E você deve perguntar: O que isso tem haver comigo? Parece difícil raciocinar sobre isso, mas não é tanto. “Kirisute Gomen” dava a um samurai o poder de eliminar com sua espada qualquer um das castas mais baixas que não o respeitasse.

Na verdade os meus pensamentos não se iniciaram nos samurais. Começaram a partir de uma visão que temos nas ruas, nas casas, nas escolas... Hoje não se usa a espada e nem se mata com proteção da lei (será?). Mas digam-me: Quantas vezes destroem-nos sonhos e tiram-nos as condições de sermos felizes? Quantas vezes cerceiam o amor presente nas coisas simples, substituindo-o por valores inerentes a sociedade – Tais como ganância, status, vaidades e prazeres imediatos e extremamente passageiros?

A sociedade moderna nasceu muito antes do qualquer um dos que lêem este texto. E ela, sem que nos doa tanto, determina caminhos, trabalha silenciosa em arquivos confidenciais com acesso a poucos privilegiados. Mostra-te o que quer mostrar. Mata lentamente, sem que sejam ouvidos os gritos. Divide-nos entre o conforto de ver tudo pela janela e o inferno das ruas.

Voltando ao “Kirisute Gomen”, lembro-me que os samurais faziam parte de uma casta que estava abaixo da nobreza e dos senhores feudais. Eles eram parte de uma máquina. Te remete a algo?

Persisto, apesar de tudo. O amor existe, de forma sutil. Por vezes numa São Paulo que não é vista. E é isso que leva o Criolo, com toda a razão e segurança, a dizer que “Não Existe Amor em SP”. É o amor que leva o Ferréz a disparar palavras de indignação no mais apaixonado dos protestos. Os saraus levam marmanjos às lágrimas por amor. As donzelas da periferia andam de moto, usam capacetes e são mais apaixonantes do que as princesas de almas tão vazias, como “flores mortas”.

A cultura que prega o domínio do mais forte se aplica ao jogo violento. Jogo de aparências. Jogo da rebeldia sem causa. Jogo do “siga o mestre”. Jogo corporativista. Kirisute Gomen

“Não acredito que um indivíduo possa progredir espiritualmente, enquanto aqueles que o cercam estão sofrendo” dizia Gandhi. É por isso, veja, por isso é que o Criolo diz que não existe amor em SP. Progredir espiritualmente é a porta para a uma felicidade “maior”. Fruto do Amor. Amor que não é só o “doce”. Amor que nos move.

A luz no fim do túnel marca presença nessa história do “Kirisute Gomen”. Foram os samurais que eliminaram, posteriormente, aos seus superiores. Assumiram o poder. E desapareceram através dos tempos...

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