terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Civilidade pelos Civis

Muito se fala, não à toa, de uma tal Sociedade Civil, por tempos esquecida. A sociedade, principalmente a nossa, brasileira, finalmente tomou a frente de suas próprias ações, em movimento que parece trazer de volta tons de dignidade a sua própria existência.

As afirmações acima não entoam em jargões políticos, mas em fatos reais. Pensar isso como verdade é, acima de tudo, refletir como está mudando a relação entre Estado e população. Há uma constatação urgente nisso tudo: Essa mudança ocorre, em primeira instância, das pessoas para o governo; e não o contrário.

Baseando-se na história recente do país, basta pensar nas diferenças que marcam a participação da sociedade nos processos de transformação da realidade: Há menos de 25 anos atrás estávamos saindo de uma ditadura política; passamos por incríveis dificuldades econômicas em meados dos anos 90 e hoje, apesar de todos os efeitos da corrupção, da desigualdade social e etc., colhemos alguns dos bens que “plantamos” durante as nossas vidas. Avaliando, por exemplo, ações provindas de ONGs em terras nacionais, vemos que, apesar de grande número delas oferecerem remunerações aquém do mercado, não há indícios de queda na criação delas – Pelo contrário, houve um impressionante aumento de 1180% (mil cento e oitenta por cento!) de 2002 a 2006.

Vivemos num país que, infelizmente, não nos oferece ferramentas o suficiente para eliminarmos as absurdas disparidades econômico-sociais vigentes desde os tempos coloniais. Em controvérsia, algumas possibilidades de mudança têm chegado à população, como é o caso da internet. Em um bom uso deste veículo comunicacional é possível ganhar voz perante muros que nos foram impostos tempos atrás. As redes sociais tanto já glorificaram como determinaram a queda de muitos.

Outro fenômeno relevante é a ascensão do empreendedor individual em solo tupiniquim. Segundo o SEBRAE, o número de empreendedores individuais formalizados já soma 1,5 milhões no país. É o recorde, com significado que pode ir além de um parâmetro econômico: O brasileiro quer se desprender de sua macro-dependência, apesar de ainda ser refém de uma burocracia questionável.

Certamente, visto o cenário descrito, o que impulsiona a grande maioria destes números e mudanças é a expansão da classe C, que encontra-se majoritariamente nas periferias. Mas há algo que precisamos dominar, apoderar-nos de forma positiva: O conhecimento. Está nele a chave da transformação.

De acordo com a agência WMcCann, nos dez últimos anos a internet tornou-se o principal meio de informação do brasileiro. Entretanto, 90% do uso atribuído a ferramenta destina-se a entretenimento. Apenas 21% de sua utilização está ligada a “Provocar Mudanças”. Os livros devem ser mais presentes e as bibliotecas mais “requeridas”.

Outro ponto pouco explorado na demarcação do poder civil é a ocupação dos espaços públicos. Acostumamos-nos a identificá-los como de propriedade de um grupo ou outro. “Essa praça é dos punks... Aquela é dos emos... A outra é dos skatistas...”. Não é. É nossa. É de todo mundo e não de um grupo específico. É deles também. A TV também é nossa, assim como tudo aquilo que não pertence legalmente a um cidadão especifico.

Em suma, estamos mais perto de exercer a civilidade. Mas o caminho nos cobra mais postura, mais sentimento de inclusão, mais compaixão, mais tolerância e auto-estima.

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