terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A classe C ganha “espaço” nas páginas do caderno de negócios do Estadão.

Após uma série de transformações na sociedade, a classe C começa a ser o alvo de pesquisas de consumo. Conhecido como target nas campanhas publicitárias, o público alvo das empresas tem mudado de forma - antes com cara de nobreza, em que o trabalho e a história de vida eram irrelevantes - agora se transforma em historias de superação e trabalho coletivo.

As agências de publicidade descobriram nesse novo target uma possibilidade de incremento de vendas, e, para tal, estudam formas de fazer a classe C consumir mais. O jornal O Estado de São Paulo desta segunda-feira, dia 03/10, mostra uma notícia sobre a pesquisa feita pela agencia de propaganda AlmapBBDO, que tenta encontrar um novo perfil da Classe C.

Como era de se esperar, o inicio da pesquisa foi feita a partir de um morador do distrito do Capão Redondo - o copeiro Hamilton - que na matéria não possui sobrenome e tampouco imagem. Ao contrário, a foto que estampa a matéria de meia página é a da equipe que produziu o estudo.

Na pesquisa, a agencia derrubou alguns mitos, tais como: a classe C não assiste só novela e o Ratinho (eles finalmente entenderam isso!), ela está no Facebook (e em todas as outras redes sociais) , e que ela consome enlatados americanos como o Doutor House (A Record passar o Doutor House é coincidência?), e por fim, eles descobriram que publicidades de varejo, onde os “atores-vendedores” aparecem berrando não são bem vistas.

Estes estudos apontam uma característica muito interessante: Mostram que as classes dominantes nunca ouviram as pessoas que as cercam e muito menos as convidaram para participar das criações. Estes anos sem comunicação fizeram com que a classe C, D e E se transformassem em meros consumidores, sem que fossem ao menos consultados sobre o que queriam consumir.

Estes aspectos mostram que as empresas não conhecem seus consumidores e, muitas vezes, criam produtos e propaganda de forma completamente equivocada. Depois se queixam de que os níveis de audiência caem ou que seus produtos encalham nas prateleiras. Isso tudo “porque a classe C costuma consumir produtos criados para as classes A e B”... Isso não é uma verdade e nem uma mentira completa. Criar produtos ou programas pensando em estereótipos faz com que estes produtos não sejam direcionados a ninguém, ou melhor, apenas para aqueles que se vêem desta forma estereotipada.

Recentemente, a fabricante de meias e roupas intimas “Hope” lançou uma campanha publicitária com a “top model” Gisele Bündchen, onde ela ensina as mulheres brasileiras a darem “notícias ruins” aos seus maridos. A campanha indica que a forma correta de se dar más notícias ao cônjuge é com a mulher em trajes íntimos sensuais. Depois de muita polêmica a publicidade foi retirada do ar. Entretanto, o absurdo disso tudo é uma publicidade com uma pessoa conhecida mundialmente tratar as mulheres como dependentes dos homens e terem como principal atributo de defesa o apelo sexual.

Com tudo isso, continuamos a pensar que o copeiro Hamilton não possui sobrenome e tampouco um rosto... E imaginarmos que a televisão realmente tenta levar entretenimento para as pessoas, e, principalmente, que as empresas realmente se importam com o consumidor, seja ele de qualquer classe social.


Link para a publicidade da Hope: http://www.youtube.com/watch?v=RekIsfOkZC8

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