terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Os Maiores Resquícios de “Privataria Tucana” – A Mídia em Xeque

Imagem retirada do Facebook
O último final de semana ficará marcado na história da política e do jornalismo brasileiro. E tudo acontecera em virtude da publicação do livro “A Privataria Tucana”, de Amaury Ribeiro Jr., imediatamente seguido de repercussão em alguns veículos da mídia tradicional (TV, Rádio e Revistas, com destaque à Carta Capital e a emissora Record News) e principalmente na internet, tomando para si um teor apocalíptico. O material de Ribeiro Jr. é praticamente um dossiê detalhado da corrupção que cercou os processos das privatizações durante 1998 e 2002, período no qual Fernando Henrique Cardoso era presidente da república. Utilizando-se de documentos legítimos e dando nome aos “bois”, o autor fez que sua obra abalasse a credibilidade da grande mídia, além de estremecer o cenário político brasileiro.

Mais importante do que a própria publicação de Amaury Ribeiro Jr. são as reflexões sobre o papel da mídia e a influência que ela exerce sobre os cidadãos. O que ocorreu, e gritou aos ouvidos de quem acompanhou os acontecimentos decorrentes do lançamento de “A Privataria Tucana”, foi um silêncio (vejam a contradição) absurdo, que simplesmente ignorou o recorde de vendas de um livro sobre jornalismo durante as 24 horas de precederam seu lançamento. Daí é possível traçar um simples parâmetro da relação entre a mídia e o crime: As edições de hoje dos jornais O Estado de São Paulo e da Folha de São Paulo registraram 10 e 7 notícias relacionadas a crimes em seus cadernos “Metrópole” e “Cotidiano”, respectivamente. Destas nenhuma trouxe ao público denuncias sobre corrupção, evasão de divisas ou lavagem de dinheiro. Os jornais veiculados nos canais de televisão “Globo”, “Bandeirantes”, “SBT” e “RedeTV” abordaram o dia-a-dia da Esplanada sem se quer falarem sobre os efeitos pós-publicação do famigerado livro. Em contrapartida, a revista Veja publicou a matéria “A Trama dos Falsários”, ‘curiosamente’ funcionando quase como resposta aos documentos mostrados por Ribeiro Jr., que aponta, em proporções grandiosas, o envolvimento de políticos (e seus familiares) do PSDB em assombrosos esquemas de lavagem de dinheiro.

É inevitável, diante do silêncio da grande mídia sobre “Privataria Tucana”, deixar de associar o interesse dos dirigentes dos meios de comunicação ao jornalismo praticado pelos mesmos. O fato é que a mídia alternativa vem, cada vez mais, funcionando como verdadeira porta-voz do povo, já que dificilmente está atrelada financeiramente ou politicamente a qualquer instituição com fins ‘questionáveis’. O levantamento de tais suspeitas não se deve a uma excessiva confiabilidade aos argumentos de Amaury Ribeiro Jr., mas sim à notoriedade de tal publicação. Trata-se de um assunto que diz respeito, acima de tudo, ao dinheiro público. Nós, cidadãos, somos os maiores contribuintes para com o Estado, seja através de impostos ou uso dos serviços governamentais. Independentemente de conduta ou preferência política, vivenciamos um dos acontecimentos mais importantes na história recente do Brasil e, infelizmente, pouquíssimos representantes do jornalismo estão falando disso.

Uma forma amplamente competente de análise sobre a atuação da imprensa no caso “Privataria Tucana” é, conforme comentado pelo jornalista Washington Araújo no site do Observatório da Imprensa, um olhar sobre a pífia alternativa de, ao invés de pregar os preceitos da comunicação (imparcialidade, pluralidade de opiniões, etc.), requentar escândalos antigos, como se nada de novo tivesse acontecido. (Verifique o Caderno “Poder” da Folha de São Paulo).

Vale uma menção honrosa a versão humorística do caso no tablóide “The Piauí Herald”, vinculado ao site do jornal “O Estado de São Paulo”. Porque com humor, pode...


O Livro e a Pirataria

Passados apenas três dias do lançamento do livro de Ribeiro Jr., os mais assíduos leitores se depararam com uma leitura simples, mas que ao mesmo tempo cobra paciência para decorar instituições e pessoas envolvidas nos casos relatados. Impressiona o quanto são revelados detalhes das ações criminais, chegando ao ponto de serem citados até números de contas bancárias. Há uma menção ao “amadorismo” de certos envolvidos que, talvez por não se sentirem suficientemente ameaçados, não temeram assinar documentos tanto como procuradores de empresas situadas em paraísos fiscais, como também beneficiários de seus próprios depósitos bancários de dinheiro “lavado”.

Com uma tiragem inicial de 15 mil cópias, todas vendidas em menos de 24 horas, tomou forma o movimento de “pirataria” da obra. Não é raro encontrar versões do livro no formato PDF, disponibilizados de forma gratuita em blogs e compartilhados em redes sociais virtuais.


Jornal da Record (Record News)

http://www.youtube.com/watch?v=3dRZM6_xCmM


Jornal da Gazeta (TV Gazeta)

http://www.youtube.com/watch?v=JAt5dBgJVdM&feature=related



Comentário do Cineasta Jorge Furtado sobre o livro:

http://www.casacinepoa.com.br/o-blog/jorge-furtado/privataria-tucana



Link Observatório da Imprensa:

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed672_o_silencio_ensurdecedor_da_imprensa



Links: Humor:

http://revistapiaui.estadao.com.br/blogs/herald/brasil/serra-sorteia-aecio-no-amigo-oculto

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